O Teatro envelheceu!

por Estevão Lopes



Antigamente o teatro não competia com Netflix, Internet, Tv e Cinema, hoje apenas as produções com patrocínio regadas a apoios de leis, como Rouanet e Fomentos como VAI, conseguem fechar as contas. A bilheteria não paga mais o cachê de atores e produção técnica, o que dirá de investimentos com marketing do espetáculo, assessoria e afins. Lembrando que a aprovação em leis como Rouanet não é garantia de dinheiro em caixa, é preciso captar empresas que queiram apoiar o projeto.
Imagine ir ao teatro durante a semana, em plena terça-feira, nos anos 70 era algo possível e com cadeiras cheias, hoje quem se arrisca a colocar um espetáculo em cartaz ao longo da semana está fadado ao fracasso de público.
Os espaços e teatros onde as peças são apresentadas também estão com um preço bem salgado, além do valor de mão-de-obra, o aluguel na casa dos 1 mil reais por diária, com aproximadamente 300 lugares, assusta qualquer produção com pouco investimento e sem incentivos. O público jovem não se preocupa tanto com a cultura, o perfil "whatsapp" dispensa livros ou saraus, shows de grande bandas internacionais ou artistas pop da gringa ou tupiniquins, tomam pra si grandes massas. 
A rejeição de espetáculos e dramaturgos pode ter suas raízes fincadas em colégios sem embasamento ou compromisso com a arte. É na sala de aula que o indivíduo têm seu primeiro contato com grandes personalidades do teatro, como Shakespeare, Nelson Rodrigues, Ariano Suassuna entre outros.
Sem o devido conhecimento e paixão por essas celebridades do passado, o jovem atual ou quiçá o adulto de hoje, pragueja e se irrita quando recebe um convite para degustar das artes cênicas.
O cinema tenta salvar as grandes obras teatrais, mas nada substitui o prazer de assistir, ao vivo, um espetáculo com bom texto, bons atores, cenário e aquela tensão que envolve as três sinais antes de começar a peça.
O teatro envelheceu, como um bom vinho, somos nós que não sabemos degustar dessa iguaria.